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Autoprescrição
Por Mayara Mascarenhas
Publicado em 08/12/2015
Ter que elaborar esse texto me colocou em conflito comigo, com o espelho das palavras que escolho e dizem de minha luta (íntima e coletiva).
O que se entende como luta?
Os vídeos não se utilizam da palavra: é por aí que eu me expresso
A palavra diz muito, ela é definidora e dificulta a alegoria
As vezes palavra sabe demais pra se deixar encontrar a magia
Luto com olho e ouvido, me exponho e convido: cada um devolver a si (si mesmo)
A poesia no material
Ganhamos consciência. Inventamos explicação
A máquina de imaginar exposta, hardware livre
Faço filmes porque acho maravilhoso como a imaginação pode sair da pessoa e chegar em outra
Cores, linhas, tempo, sons, gestos são milimetricamente organizados pela percepção
em missão de contágio
Quero dizer que:
Falar de mim: idade, sonho, cor de pele, orientação sexual, escolaridade etc
do que faço: curtas independentes com amigos, vídeos da gente dançando em casa, planos a mil
ou de como se faz : colaborativo, no ímpeto, segundo os ventos da estação
dá igual.
A coisa contém a coisa mesma: a charada.
Me assumo em auto-análise, assim como faço nos filmes, expulsando de mim pra poder ver.
O encontro que acontece na pele da imagem:
entre quem faz e oferece uma imaginação – quem vê, testemunha e se deixa
nos expomos todos
Tão rico é parir junto. O encaixe das pessoas no quebra-cabeças.
O propósito são os exercícios > os exercícios são o filme > a condição é a troca e a inter-suficiência > em ritual de improviso
Nasce uma orquestra de símbolos do trabalhar em coletivo
um sentimento filme – em imersão.
Preciso dizer também, o ponto alto dessa receita é que meus companheiros de imaginação são maravilhosos
e isso me ultrapassa de tanta beleza ou de tanta verdade
***
e a performance que se chama Rastro
Mayara Mascarenhas é aquariana ascendente em Virgem, não gosta de se expor e gosta de se expor. Tem 28 anos, cresceu em Itaquera, ganhou no bingo aos 18 e viajou pra Espanha, voltou pra São Paulo há 3 anos, é casada, faz direção de arte, sabonete, faxina. Não fez faculdade de cinema, gosta de fazer filme. Pesquisa a performance e o teatro-ritual nos olhos do vídeo.