editorial
editorial, Geni, manifesto, número 0
Manifesto Geni
VESTIU UMA CAMISA LISTRADA E SAIU POR AÍ.
E SORRIA QUANDO O POVO DIZIA: “SOSSEGA, LEÃO!”
Somos um coletivo aberto.
Nossos corpos sentem falta de espaço. E queremos estar vivxs. É na vida que militamos!
A Geni é uma revista sobre gênero, sexualidade & coisas afins. Queremos fazer uma revista comprometida com valores libertários e que seja militante – e sirva à militância – na luta pela igualdade e pela diferença.
A Geni é feita de muito trabalho – não pago, voluntário, de amor. Com a força da peruca. E não vamos competir com a mídia corporativa, heteronormativa, lucrativa. Ela não nos representa. Acreditamos que o jornalismo independente vai causar no mundo. E temos tesão nisso tudo.
Todas as palavras, sobretudo os barbarismos universais.
A comunicação não é um privilégio de pessoas educadas, ou das agências de comunicação, ou das estratégias fascistas. Comunicação é liberdade.
Contra o jornalismo bom-moço preconceituoso. Contra as instituições oficiais direitinhas. Contra a governabilidade dos conchavos com o ódio. Contra a sinuca de bico da tolerância. Contra os “direitos humanos para humanos direitos”.
Não queremos ser toleradxs. Não queremos ser aceitxs. Queremos estar vivxs e inteirxs.
EU DOU PRA QUEM EU QUERO, A PORRA DA BUCETA É MINHA
Não nos convide para um país que não possamos revolucionar.
Não nos convide para uma revolução em que não possamos dançar.
Vivemos a falência do binarismo de gênero. Sem ressentimentos.
Pastor Marco Feliciano late: “A natureza deles é gritar, xingar, falar palavras de ordem. É dar beijos no meio da rua, tirar a roupa. A natureza deles é expor um homem como eu ao ridículo”. Geni morde: É a nossa natureza mesmo!
VAMOS PEDIR PIEDADE: SENHOR, PIEDADE! PRA ESSA GENTE CARETA E COVARDE
Expor o ridículo ao ridículo. Contra o machismo, o racismo e a homofobia. Contra a opressão de classe. Contra todas as opressões.
Contra o governo e sua polícia de ódio. Contra o fundamentalismo religioso e seus deuses de ódio. Contra o capitalismo e sua exploração de ódio.
Contra o ódio e suas pedras atiradas, sua bosta jogada.
A COR DESSA CIDADE SOU EU
O CANTO DESSA CIDADE É MEU
Muito prazer, eu existo. Nós existimos.
O canto dessa cidade é nosso.
Somos todxs travestis! E pra quem escrevemos?
Pra gente diferenciada.
Pra quem é leigo do babado.
Pra quem é LGBT. E pra quem não é.
Pra quem é vagabunda. E pra quem não é.
Pra quem é hétero, monogâmicx e responde aos estereótipos da classe média (só que de perto ninguém é normal).
Pra quem tem preguiça de política e militância – mas se mexe!
Pra quem quer e não pode pagar.
Pra quem só existe pra ser subtraídx.
Pra quem é um nó, somos nós.
Pra quem está distante – e queremos perto.
Prxs adolescentes que fomos, prxs que são, prxs que virão.
Pra quem quer transformar esta sociedade em justa e igualitária.
Pra entregar ao mundo o que a gente gostaria que ele desse a todxs nós.
O que ela quer da gente é coragem.
NÓS ESTAMOS POR AÍ SEM MEDO
NÓS SEM MEDO ESTAMOS POR AÍ
Que desmorone tanta caretice e que renasça, desta vez com menos nome, menos grife.
Se nós não acontecermos, o despertar será menos reluzente, e tudo será menos perfumado.
A porra da buceta é nossa. A gente dá pra quem a gente quiser. E, se a Geni quiser, ela dá pra qualquer um/a.
Vestimos uma camisa listrada e saímos aqui.
VOCÊ ME ABRE OS SEUS BRAÇOS
E A GENTE FAZ UM PAÍS
Somos um coletivo aberto.
Encontrar alguém sempre reconfigura o que não existia.
Queremos encontros.
E estamos aqui pro que der e vier.
Sorrimos:
Viva a Geni! Vida longa à Geni!