editorial
editorial, férias, número 19, retrospectiva
As águas vão rolar
Nas nossas férias, resolvemos fazer algo diferente: uma retrospectiva desses quase dois anos de Geni.
Neste verão, resolvemos fazer algo diferente.
Ano passado, tiramos férias em janeiro e fevereiro, com duas edições feitas pra dar menos trabalho pro coletivo que edita a Geni. Este ano, nossas férias estão sendo usadas para reformular a revista, repensar nosso trabalho em grupo e ruminar nossa trajetória até aqui.
Resolvemos eleger alguns textos para reaparecerem nesta edição retrospectiva. Trazemos trabalho de colaboradorxs fixxs da Geni e de alguns convidadxs para compor nossos “10 mais”, que acabaram em “20 e poucos mais”. Olhamos para nossas próprias produções, debatemos sobre elas e escolhemos algumas para nos representar, tanto pra quem está entrando no bonde agora como para quem já nos acompanha há algum tempo.
Seja para começar caso novo ou para renovar rolos antigos, estamos arrumando a casa pra dar início a outro ciclo.
A festa ideal
É muito simbólico que esse balanço de existência, fim-começo de calendário, seja no mês da festa ideal, da imagem da abundância de carnes, espíritos, purpurinas e do que mais balançar junto com isso.
Nosso bloco está na rua – e na internet – desde 2013, quando várixs de nós nos juntamos com o intuito de criar um meio de comunicação que não víamos em parte alguma do Brasil. Aos trancos e barrancos, com tretas e afetos e champa na esquina, a gente conseguiu fazer esta revista, da qual nos orgulhamos muito. Maldita, feminazigayzista, aborteira, queer, vagabunda, travesti, preta, sapatão e profundamente perigosa, o mais Geni que nós, Genis, conseguimos ser.
Pra isso, tentamos sempre trazer pra pular com a gente pessoas que admiramos, que queremos conhecer e que todo mundo conheça. Nas entrevistas, nos artigos de convidadxs, nas ilustrações destruidoras, a Geni procura dar espaço para histórias de vida, análises e perspectivas que não costumam ter espaço na mídia machista e heteronormativa. Não lucramos com nosso trabalho – e sustentamos esse projeto com o suor (e outros líquidos) que escorre das nossas vontades.
Saca-rolha
Mas a festa tem seus altos e baixos. E os amores às vezes se perdem no bloco – ou porque a gente parou para consertar a percata, ou porque o ritmo acelerou. No sem-número de e-mails que trocamos entre nós, nas sempre insuficientes reuniões, entre as pessoas que chegam chegando e ajudam a dar conta das pedras atiradas, também entre as pessoas que partem para outros carnavais, às vezes algo se perde e engasga.
Do jeito que der, decidimos desengasgar. E, se é assim, as águas vão rolar, a garrafa está cheia e a gente não quer ver sobrar!
Nos próximos meses, pretendemos continuar trabalhando do mesmo jeito amoroso, sensual – descendo, subindo, empinando e rebolando – que mantivemos nesses quase dois anos de Geni. Mas também queremos melhorar nossa relação entre nós mesmxs e com você, queridx leitorx. Por isso, agradecemos se você quiser mandar alguma cartinha dizendo o que acha da nossa revista, o que gostaria de ver aqui, como acha que poderíamos melhorar.
Queremos dar gostoso pra poder dar sempre.
Coletivo Geni, janeiro/fevereiro de 2015