Geni é uma revista virtual independente sobre gênero, sexualidade e temas afins. Ela é pensada e editada por um coletivo de jornalistas, acadêmicxs, pesquisadorxs, artistas e militantes. Geni nasce do compromisso com valores libertários e com a luta pela igualdade e pela diferença. ISSN 2358-2618

editorial

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Indignada no palanque

Voltamos pra embalar 2014 a vácuo!

 

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Marco Feliciano não é mais presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara dos Deputados! Isso é motivo pra comemorar? Dificilmente… Não só porque o infeliz deputado pastor saiu após cumprir todo o seu mandato – apesar dos inúmeros protestos que fizemos ano passado –, mas também porque por muito pouco não tivemos Jair Bolsonaro presidindo a CDHM em 2014.

 

O fato de Bolsonaro não ter assumido a comissão é motivo de alegria? Olha, também tá difícil… Isso porque o deputado carioca, famoso por cacarejar que “minoria tem que se calar e se curvar à maioria”, peitou o jogo de camaradagem que impera entre os partidos e lançou-se candidato, mesmo que a presidência da CDHM já estivesse destinada ao PT. Bolsonaro perdeu essa eleição por uma pequena margem: recebeu oito votos, enquanto o petista Assis do Couto, enfim eleito, recebeu dez.

 

E quem é Assis do Couto? Vamos ficar de olho nele pra saber. Por enquanto, seu histórico não é dos melhores: o paranaense é integrante da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Vida – Contra o Aborto, na qual é colega de outros 164 deputados, entre os quais – adivinhe! – está Marco Feliciano.

 

Ligações perigosas

 

Se a projeção de Feliciano, em 2013, serviu para escancarar a crise de representatividade do sistema político brasileiro, a eleição de Couto escamoteia essa mesma crise e não resolve nada. Ao escolhê-lo como seu candidato para a CDHM, o Partido dos Trabalhadores ignorou praticamente todxs xs ativistas de direitos humanos do Brasil, que pediam que a deputada Erika Kokay ocupasse o cargo. Kokay recebeu moção de apoio até da Diversidade Tucana, grupo do PSDB, num dos raros momentos de união de militantes de partidos que têm se apresentado como antagonistas no cenário nacional. Mas o deputado antiaborto Assis do Couto sem dúvida é um nome mais palatável à base conservadora do governo do PT.

 

E a gente, como fica? Não fica. A gente rebola, se mexe, manda beijo no ombro e parte pra luta. Depois de descansar um pouco, produzindo as edições de férias de janeiro e fevereiro, Geni volta com tudo e inaugura 2014, simbólica e praticamente, em 8 de março, Dia Internacional de Luta das Mulheres.

 

Neste mês, investigamos as políticas de gênero dos governos de Dilma Rousseff e Michelle Bachelet. Contamos a história da única mulher entre os principais líderes da Revolução Chinesa e entrevistamos a única mulher trans diretora de escola pública em São Paulo. Trazemos notícias dos protestos na Ucrânia e da revolução zapatista no México. E lançamos uma pesquisa para conhecer melhor as discussões de gênero e sexualidade dos partidos políticos brasileiros.

 

Continuamos decididxs a fazer um veículo de comunicação que bote a boca no trombone contra os Felicianos que existem por aí, nas sua mais diversas formas. Acreditamos que, com informação, reflexão, cores vibrantes e ilustrações bafônicas vamos conseguir não só melhorar a nossa luta diária, mas também quebrar tudo e requebrar muito melhor. Neste 2014 que está apenas começando, fazemos aquele mesmo convite, cada vez mais verdadeiro: é diferente, vem com a gente!

 

Coletivo Geni, março de 2014

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A ilustração da capa deste mês é de Bianca Muto, sobre monstrinhos de Fortunio Liceti.

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