Geni é uma revista virtual independente sobre gênero, sexualidade e temas afins. Ela é pensada e editada por um coletivo de jornalistas, acadêmicxs, pesquisadorxs, artistas e militantes. Geni nasce do compromisso com valores libertários e com a luta pela igualdade e pela diferença. ISSN 2358-2618

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“Quero abortar, me ajudem”

Como você responderia a esse pedido?

Tivemos uma longa discussão sobre como responder à seguinte mensagem, deixada na matéria “A revolução do misoprostol”, de Aline Gatto Boueri, publicada na Geni nº 5:

 

quero aborta com misoprostol, nao tenho condicoes de fazer isso sozinha, me ajudem

 R.

 

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No Brasil, você sabe, o aborto só é permitido em alguns casos. Na maior parte das vezes constitui um crime e as mulheres que abortam precisam recorrer a uma rede de apoio silenciosa, clandestina, que garanta não só a ajuda médica e psicológica necessária, mas também o sigilo absoluto sobre suas opções, para que não corram o risco de ir para a cadeia.

 

Como, então, responderíamos a essa mensagem quase anônima? Orientar sobre um aborto é coisa séria. Ainda mais quando isso pode trazer problemas legais tanto para quem procura ajuda quanto para quem a oferece.

 

O nome desta seção, “Geni Responde”, talvez não seja o mais sincero. Na maior parte das vezes, temos as mesmas dúvidas que as pessoas que nos procuram, então dificilmente seríamos capazes de respondê-las. O que nos propomos a fazer é escancarar essas dúvidas, procurar ajuda de especialistas e compartilhar as respostas que obtemos.

 

Acreditamos que a revista Geni não deve servir só como propaganda da opinião de quem a faz, mas principalmente como espaço de debate, de circulação de ideias e informações, de ajuda mútua. Isso é ainda mais importante em casos como esse, em que um procedimento médico simples, legalizado em muitos países, torna-se motivo de culpa, medo e perseguição.

 

A resposta que demos a R. é a que publicamos abaixo. E você, como responderia a um pedido assim?

 

Olá, R.

 

Se você sofreu violência sexual, procure qualquer hospital de referência da mulher da rede pública. Eles são obrigados a atender você. Em São Paulo, por exemplo, há o hospital Pérola Byington.

 

Se não for esse o caso, o procedimento infelizmente seria ilegal, o que impede que você ou qualquer mulher tenha um atendimento que respeite sua dignidade.

 

Para casos de aborto legal, o Ministério da Saúde disponibiliza este protocolo de uso do misoprostol: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/protocolo_utilizacao_misoprostol_obstetricia.pdf.

 

Em todo caso, conversar com alguém de sua confiança pode ser uma boa opção.

Atenciosamente,

Coletivo Geni

 
 

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Ilustração: Bruno O.

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