editorial
Caio Vítor, ecologia, editorial, número 26
Para onde levar minha ecobag?
Um kit de sobrevivência para o apocalipse e a sustentabilidade
Publicado em 28/10/2015
O tema é ecologia
Em meio a crises hídricas, furacão Patricia, bolsas ecológicas, no poo e low poo, visões apocalípticas e economia verde, a Geni deste mês pega carona na edição sobre campo para focar no tema da ecologia política. Fomos atrás de quem olha para a natureza, coloca aspas e a pensa a partir do foco do gênero e da sexualidade. Buscamos entrar em contato com integrantes de movimentos sociais que nos relatam suas perspectivas desse assunto. Em defesa dos corpos e territórios, da livre expressão dos desejos e da diversidade biológica entramos em contato com feministas comunitárias, ecofeministas, outras feministas, dissidências e resistências nos diferentes corpos que habitamos.
Sem limites tangíveis nem tempo definido, o território nos habita e está sendo sistematicamente atacado, contaminado, afetado pelo projetos extrativistas, pela violência do Estado, pela expropriação dos bens comuns e pela lógica do patriarcado, do colonialismo e do capitalismo nas suas junções contemporâneas.
Novos encontros, fazendo redes
Nos aproximaremos do ruído e de necessários ancestrosfuturismos com a apresentação do tecnoxamanismo por Fabiane Borges, e implodiremos a perspectiva do poder com as nossas entrevistadas: Lorena Cabnal, da Guatemala, nos oferece a categoria de análise do território-corpo para compreender a complexidade da conexão do patriarcado colonial com o patriarcado ancestral. Em São Paulo, Guiomar Santos nos conta como o programa da Reciclagem Popular vem ganhando novos contornos a partir da criação da Secretaria Estadual de Mulheres do Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis.
No campo das redes sociais, Shanawaara ma-ra-vi-lho-sa alfineta o Facebook e nos conta sobre a campanha “My name is…” impulsionada em São Francisco a partir da caça aos perfil das drags na rede.
Expropriação dos recursos, expropriação dos corpos…
Se um desafio para a América Latina é pensar a expropriação dos corpos de mulheres dentro da historia de colonização da região, Paloma Franca Amorim escreve sobre Belo Monte, o assassinato do poder mítico do ato de recordar e o silenciamento das vozes que carregam em si a recordação. Apresenta ainda a Antonia Melo, icamiaba, em defesa do rio Xingu.
Da Colômbia nos chegam relatos do processo de refazer uma receita culinária que, para xs camponesxs afrodescendentes da região da Guajira, significou relembrar um histórico de resistência contra a empresa de mineração Cerrejón, uma das maiores minas de carvão a céu aberto do mundo.
Da Costa Rica, Zuiri Mendez nos fala sobre alguns caminhos para tirar o androcêntrico do mundo. E, no Rio de Janeiro, Mônica Lima nos apresenta as resistências em torno da Aldeia Maracanã e as mulheres na luta indígena.
Rebeca Lins nos ajuda a compreender a lei de biodiversidade e como as questões de gênero podem ser associadas a ela. Daniela Rosendo e Tamara Gonçalves explicam o aborto em perspectiva ecofeminista e como sua defesa contribui para uma ética não-antropocêntrica.
A Geni se perguntou e continuará se perguntando quem são essas mulheres envolvidas com a defesa dos territórios. Encontramos assim as conexões entre os sistemas de opressão que permeiam a vida dos grupos com quem conversamos, contextualizando os fatores que colocam tantxs de nós em situações de vulnerabilidade social, vivendo em ambientes contaminados, degradados e explorados.
Esta é a nossa primeira catação de aproximações ao tema da ecologia, o primeiro kit de sobrevivência, e estamos abertxs e interessadíssimxs em ampliar nossas compreensões. Bebeu água? Tá com sede? Vem com a gente!
Coletivo Geni, outubro de 2015
Ilustração de capa: Caio Vítor
EDITORA RESPONSÁVEL
Juliana Bittencourt
EDIÇÃO DE TEXTO
Cecília Rosas
Fabito Figueiredo
Giovana Izidoro
Juliana Bittencourt
Lia Urbini
Marcos Visnadi
Rodrigo Cruz
EDIÇÃO GRÁFICA
Aline Sodré
Carolina Menegatti
Gui Mohallem
COMUNICAÇÃO E REDES SOCIAIS
Alciana Paulino
Carolina Menegatti
Marcos Visnadi
Mariana Kinjo
Paloma Franca Amorim
PROJETO GRÁFICO
Bruno O.
Tiago Kaphan
ILUSTRAÇÕES
Aline Sodré
Amanda Gotsfritz
Ana Mohallem
Bruno O.
Caio Vítor
Emília Santos
Gui Mohallem
Gunther Ishiyama
Juliana Bittencourt
Marcela Briotto
Paloma Franca Amorim
Renata Torres
Thiago Fonseca
ILUSTRAÇÃO DE CAPA
Caio Vítor
REVISÃO DE TEXTO
Cecília Rosas
Fabito Figueiredo
Lia Urbini
Marcos Visnadi
Mariana Kinjo
Paloma Franca Amorim
PARTICIPAM NESTE NÚMERO
Ana Luiza Voltolini
Andrea Villalobos
Daniela Rosendo
Fabiane M. Borges
Laura Cadena
Lorena Cabnal
Mônica Lima
Rebeca Lins
Samantha Rodríguez
Tamara Gonçalves
Zuiri Méndez
AGRADECIMENTOS
AMISMAXAJ (Asociación de Mujeres Indígenas de Santa María de Xalapán en Jalapa – Guatemala), Colectivo Cocineras de Sueños Ancestrales (Colômbia), MNCR (Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis), Zuiri Méndez.